quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Obama - mas o que é que isto me interessa!?

Estou um bocadinho irritada e pasmada com todas as barbaridades e alarvices que oiço dizer à minha volta sobre a eleição do Obama como presidente dos Estados Unidos da América (EUA).

Frase do género: "uma nova esperança para o Mundo", "espera-se um Mundo mais justo", "Obama uma nova esperança", entre outras, deixam-me desconcertada e ALTAMENTE IRRITADA!

Mas atenção, o que irei escrever aqui posteriormente não ignora, de forma alguma, a potência que é EUA e a importância de terem alguém mais humano, do que o anterior sr. Bush.

Este texto é apenas uma crítica, talvez despromovida de sentido para alguns, mas que visa sobretudo pôr certas cabecinhas inconsequentes a pensarem melhor nas suas prioridades enquanto cidadãos deste nosso MUNDO.

Confesso que por vezes é difícil estruturas as ideias de forma a que as coisas sigam uma linha lógica, portanto vou partir do particular para o geral, mas se quiserem podem realizar o raciocínio de forma invertida.

Começaremos pelo indivíduo, pelo mais animal de todos, ou seja, Nós.
A título de exemplo, em Portugal, segundo uma estatística do 1.º Semestre 2008 – Idosos vítimas de crime realizada pela APAV - Associação Portuguesa de Apoio à Vítima concluíu-se que "No que diz respeito às vítimas de crime com 65 anos ou mais, no 1.º semestre de 2008, mais de 80% das vítimas que recorreram à APAV eram do sexo feminino. Somente em 19% das situações as mesmas eram do sexo masculino." O que me informa que em Portugal há imensas pessoas de ambos os sexos, que em pleno século XXI, sofrem de violência doméstica, gratuita.

Sabemos, porque muitas das vezes se passa nas nossas casas, que a falta de tolerância entre membros da mesma família são propulsionadoras de desacatos e desavensas que por vezes são incorrigiveis e nos marcam para a vida toda.

Sabemos que o líder de opinião na maioria das casas portuguesas é a televisão. É ela que dita os assuntos que devem ser discutidos e os momentos de silêncio.

Quando se trata de sermos amigos do ambiente, só o queremos ser quando esta caixinha de informação nos diz para o sermos. Achamos mal a poluição, mas assumimos a postura de "qual a diferença se eu não mandar um papel para o chão? Não vai mudar em nada".

Quanto a seu país, o indivíduo português possuí ainda uma postura bastante interessante, a postura da verdadeira comodidade. Toda a gente reclama, todos estão descontentes, mas a "corda" não parte. No entanto, assumimos que detestamos o desemprego e que esta situação é insustentável, somos contra os que enriquecem às custas dos mais fracos, mas mantemos os nossos rabinhos sentados à frente da tela que produz incessantemente lixo cultural.

Quando há campanhas políticas que são importantes quanto ao desenvolvimento do país e que tocam particularmente à vida dos portugueses, muito poucos são aqueles que apresentam curiosidade em conhecer os programas eleitorais de forma a conceberem um pensamento crítico sobre as "promessas" e a sua legitimidade.

Se há algum tipo de programa televisivo, como os debates, que sejam baseados na discussão dessas campanhas a população nacional prefere fazer zapping e procurar outro tipo de informação, e nem vou questionar de que género...

Pierre Bour
dieu, sociólogo francês autor do livro Sobre a Televisão, costuma dizer: "O que defendo é a possibilidade e a necessidade do intelectuo crítico", ou seja, para este autor não poderia haver democracia efectiva sem um verdadeiro contra-poder crítico. E vocês o que acham?

Dia de eleições... "Grande Seca!" é um dos comentários mais usados no dia em que se decide quem e qual a estrutura política que irá estar à frente do nosso país, da nossa autarquia, da colectividade a que pertencemos. Muitos são aqueles que nesse dia optam por irem às compras, ficar em casa, ir ao cinema, por fazer tudo menos praticar a sua cid
adania.

Mas depois dá-se um fenómeno surprendente: Eleições Americanas e os portugueses têm qualquer coisa a dizer. Surgiram imensos e-mails para que todo o mundo dissesse quem era o preferido do Mundo, da Europa, de Portugal, etc.

Rídiculo não vos parece!?

Quantos portugueses conhecem os presidentes dos Estados-Membros da UE (União Europeia)? Quantos portugueses sabem o nome e a nacioalidade do Presidente da UE?
Quantos portugueses sabem os países que fazem parte da UE?
Quantos portugueses sabem o verdadeiro motivo que levou Bush a colocar tropas norte-america
nas no Iraque?
Quantos portugueses conhecem o poderiu da Coreia e da Rússia?

Parece-me um pouco óbvio que muitas das respostas às perguntas seriam bastante vagas...

O que pretendo aqui não é chamar o povo de inculto mas sim de irresponsável. Até mesmo a população mundial de irresponsáveis. O cliché dos Americanos donos do Mundo fica-lhes mesmo bem quando o resto dos países não se querem responsabilizar pelo que se passa nas nossas civilizações.

Descart
am-se de responsabilidades, de direitos e deveres. Talvez porque seja mais cómodo esperar que os outros façam, que os outros mudem, que os outros resolvam, que os outros aconteçam e que se responsabilizem se algo der para o torto.

Quando está nas nossas mãos o futuro do Mundo social e físico. A América apesar de grande não é dona do Mundo, não é a potência mais poderosa e quem el
es elegem é com eles, as decissões que o governo americano tomar são da responsabilidade apenas deles. As suas más e boas escolhas cabe ao resto do mundo condenar ou apoiar, pois Nós também temos uma palvra a dizer.

Agora quanto às suas eleições e transformar Obama num messias é um pouco rídiculo. Pois ele é um homem como todos os outros, promovido de racíoc
inio e coração agora resta, para bem dos cidadãos americanos, que ele pese as suas acções na balança e que faça boas escolhas, decida por boas estratégias.

Reconheço o poder Americano sobre o resto do Mundo, mas acho que é um exagero ignorar o poder do resto do Mundo.

Ainda mais quando, nos dias em que recorreu as campanhas e a eleição para o lugar do Presidente dos EUA, muitos foram os portugueses que ficaram pregados as televisões ignorando que o número de desempregados no nosso país aumentou, que o número de casas devolvidas aos bancos aumentaram, que o crédito malparado aumentou, que as gasolineiras exploraram os consumidores, que xis pessoas morreram nas estradas, entre outros temas igualmente gritantes que passaram ao lado daqueles que todos os dias contam trocos para SOBREVIVER.

Não quero que as pessoas se tornem excessivamente nacionalistas, mas caramba não está na hora de tomar uma postura e vestir a camisola nacional e começarmos a ter opiniões sobre o que se passa cá dentro? Definir e separar o que é essêncial e acessório? Obtarmos pelo que é mais importante e mais próximo!?
Olharmos para o lado e ajudarmos o outro? Sairmos do nosso EU e agarrar a vida? Sermos donos do nosso país?

Para mim está situação é insustentável... para vocês não?!

Ana Coelho

1 comentário:

acbelix disse...

Fico sempre sem palavras quando te dá na veneta de pores a verdade nua e crua em palavras.
Subscrevo inteiramente o que escreveste, mas queria reafirmar que, o que se passa em portugal é uma enorma anestesia de endividamentoe medo, pelo qual, o medo, as pessoas nao se revoltam e nao fazem o que outrora na minha juventude se faria.

Mil beijos Ana